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O que as crianças nos ensinam

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Querido diário, eu sempre fui uma pessoa ociosa, e posso até dizer que tinha um certo orgulho em me identificar desta forma. Eu via as atividades físicas como autocastigos que buscavam fins estritamente estéticos, e a estética não me parecia um bom motivo para me convencer a fazer algo desprazeroso, já que há muito havia abandonado ideais de corpo padronizado e irreal. Estava muito bem comigo mesma, obrigada, por que iria me maltratar?  Assim como crianças, enquanto pessoas adultas, carregamos a ideia de soluções mágicas para problemas complexos, então acreditamos que alguns minutos de exercícios físicos podem nos transformar em uma panicat, assim como shakes embelezadores e sucos detox tenham o poder de “desinchar” o nosso corpo e nos devolver a autoestima. Eu nunca começava a me movimentar por não ter estas crenças nem interesses.  Mas a conta chegou em check-ups clínicos que indicavam que o meu colesterol estava em índices limítrofes. O sinal vermelho acendeu. A rotina da p...

Meu top, minhas estratégias: driblando assédios e sendo fitness

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Quero sair do sedentarismo, fazer caminhadas, higiene mental passeando pelas praças, parques e orla marítima da cidade. Expectativa: escolher a roupa mais confortável possível, de preferência bem fresca e que me permita movimentar com facilidade pelas áreas livres da minha cidade calorenta, com a finalidade de fazer algum exercício físico, mirando na saúde física e mental, exercendo o tal direito de ir e vir acoplado à famigerada liberdade que tanto clamam por aí serem direitos e condições a mim atribuídas.   A combinação tops, leggings, shorts me parece, obviamente, escolhas racionalmente perfeitas alinhando tempo, motivação e ocasião. Verão a pino, calor no limite do suportável, temperaturas altíssimas, pedem figurino leve à altura. Cenário mais que adequado. Sim, aparentemente, tudo poderia ser perfeito não fosse o fato de eu ser mulher e "normalmente" ser obrigada a receber abordagens verbais de pessoas desconhecidas, notadamente do gênero masculino.   Desde os fa...

Começar é o verbo, perder-se é processo.

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  Começar era o verbo para iniciar o ano novo.   Segunda-feira, o dia escolhido para continuar procrastinando o começo e recomeço. Ou, por outra perspectiva, o dia escolhido para acertar arestas, repensar, planejar, outros verbos tão necessários quanto. Deixar para amanhã o verbo que deveríamos ter conjugado ontem também pode ser encarado como processo positivo e as ações advindas depois de um pensamento mais metódico podem ser traduzidas em atitudes mais assertivas, criativas, necessárias. O primeiro dia útil da semana do ano novo passou e no segundo dia, senti-me mais disposta a executar planejamentos, iniciar começos. Talvez pelo hábito simples de fugir do trivial, ou por não me sentir pronta antes ou ainda até por ociosidade mas certamente com o foco ligado. Sim, há tempo para tudo: há o agora e suas necessidades urgentes, há o depois e suas possibilidades insurgentes. Há o tempo que costuma ser o certo. Há limites pessoais e intransferíveis que podem e devem ser res...

A Lista

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  Fiz uma lista. Como uma obrigação que ninguém obriga, mas que sente ela na mente, gruda feito lêndea no fio de cabelo da consciência, incomoda como uma coceira bem no meio das costas fazendo cócegas no miolo do cérebro.  Sentei, e me pus a escrever a tal seleção inútil de acontecimentos experienciados durante o ano... difícil. Sem dúvidas. Longe muito de ser uma alma que transcende esoterismos, eu sou; a uma boa distância de figurar-me derrotista, também:   sou uma tentativa de ser equilíbrio e quis enxotar as lembranças especificamente ruins. Elas têm o seu lugar, decerto. Alguma coisa aprendi com experiências más, é possível. Quando nada, podemos evitar repetir erros. Porém, expulsei pensamentos mesquinhos tão potentes, tão bem alimentados pela quase instintiva mania de maximizar aquilo tudo que machuca. Eis o exercício das primeiras horas: ao decidir-me pela lista que ninguém pediu, bloquear o turbilhão de sensações ruins pelas quais passei, pois não foram ún...

Atividades físicas: tenha um corpo e só comece.

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O imaginário popular cristalizou a ideia de que há um determinado biotipo corporal para fazer exercícios. Ou pior, que atividades físicas existem com o único e principal propósito: emagrecer.   (A mídia, as propagandas e até às academias de ginástica ajudaram nessa propagação falaciosa). Não é verdade que pessoas gordas não possam se exercitar e, menos verdade ainda, que estas pessoas precisam usar de atividades físicas com o único intuito de emagrecer. Todo corpo precisa de movimento e todo corpo pode se movimentar. A única necessidade que os corpos precisam para iniciar uma atividade física é querer, ter determinação, vontade, disposição. Atividades físicas agregam um sem número de benefícios, entre eles: melhora da circulação; pode diminuir e controlar diabetes; reduz risco de pressão alta; promove músculos e articulações mais saudáveis;  fomenta disposição e, na perspectiva mental, os exercícios físicos tornam-se um método perfeito para apreensão de aprendizado pois a...

Libera Femina

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Eu vi seu corpo bailando entre a terra e o céu. Ela corria. Corria. Não parecia desespero. Não se diagnosticaria pressa. Saltava. Vestia branco. Havia algumas nódoas oportunistas no seu vestido. Babados. Véus. A meia sofrera com os obstáculos que se impunham em seu caminho. A maquiagem já não era aquela da primeira hora. Era outra. Combinava com o seu estado. Seus cabelos não tinham cor precisa e bailavam com o vento. Deliciosa. Fresca. Corria. Numa das mãos da fugitiva, notei estranho troféu confeccionado de rosas brancas e laços de fitas. Ela nunca olhou para trás. Figura sedenta. Passava entre os carros, sobre poças, ignorava o escaldante asfalto mesmo sem já possuir calçados que protegessem seus pés. Qual? Sentimentos terrenos, dó, solidão, culpa, medos? Pertences pesados de uma vida esparramados, abandonados pelas vielas que a moça atravessava, e ela já não sufocava, respirava ofegante a delícia de ser.  Abandonava um passado mui recente. As dores da existência pretérita esvai...

Não se compare. Inspire-se.

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A ação de se comparar com outras vivências é um hábito que atrapalha a sua evolução pessoal. A energia gasta com comparações fatalmente ignora pontos importantes no percurso entre você e outra pessoa. Normalmente se esquecem as intersecções necessárias para entender por que o outro tem algo que você não tem neste momento, ou conquistou algo que você queira, seja conquistas de bens materiais, estéticos ou acadêmicos. A comparação é falha e perigosa porque contamina suas possibilidades de ações, infecta sua determinação e pode te paralisar na sua caminhada. Da mesma maneira que internalizamos quase como um mantra a máxima "só basta querer para você conseguir", devemos começar, não a ressignificar a frase constantemente bombardeada em nossas mentes, desde as canções infantis até a condição adulta, onde o mundo corporativo dissemina falsas meritocracias, mas dessignificar, extirpar este pensamento. Nos vendem massivamente a ideia de que o universo precisa ser disputado pois n...