O que as crianças nos ensinam



Querido diário, eu sempre fui uma pessoa ociosa, e posso até dizer que tinha um certo orgulho em me identificar desta forma. Eu via as atividades físicas como autocastigos que buscavam fins estritamente estéticos, e a estética não me parecia um bom motivo para me convencer a fazer algo desprazeroso, já que há muito havia abandonado ideais de corpo padronizado e irreal. Estava muito bem comigo mesma, obrigada, por que iria me maltratar? 

Assim como crianças, enquanto pessoas adultas, carregamos a ideia de soluções mágicas para problemas complexos, então acreditamos que alguns minutos de exercícios físicos podem nos transformar em uma panicat, assim como shakes embelezadores e sucos detox tenham o poder de “desinchar” o nosso corpo e nos devolver a autoestima. Eu nunca começava a me movimentar por não ter estas crenças nem interesses. 

Mas a conta chegou em check-ups clínicos que indicavam que o meu colesterol estava em índices limítrofes. O sinal vermelho acendeu. A rotina da pandemia e a clausura provocaram também outros sintomas nada satisfatórios. Meu corpo implorava para que eu fizesse algo. Era necessário utilizar a energia estagnada que me causava sensação de impotência, desatenção, apatia, moleza. O ócio quase total me deixou prostrada e com uma fadiga mental estressante e com algum grau de ansiedade. Sei que não estou só, pois vivo no Brasil de 2021 em plena Pandemia.

Resgato novamente a criança aqui, pois devemos evitar soluções mágicas, porém, a criança também nos ensina a nos divertir, como em um passeio gostoso para deixar a carga da vida menos pesada. Uma amiga anunciava aula de flexclass online. Seria a oportunidade de começar algo para despertar o meu corpo e a minha mente. Matriculei-me nesta aula, e foi quando as coisas mudaram aqui dentro de mim. Onde havia moleza, prostração e falta de vontade, nasceu um imenso desejo de continuar o movimento. As doses de endorfina e serotonina naqueles exercícios, até lúdicos, de flexibilidade e alongamento, despertaram meu corpo com prazer, sensações gostosas, divertidas. Comecei a conhecer melhor o meu próprio corpo, com os meus limites sendo desafiados a cada dia, e com prazer. Prazer. Caía o mito de que ginástica existe para definir o corpo para um padrão estético. Agora eu sabia, na prática, que exercício físico é saúde e não penitência, e que pode ser extremamente divertido praticar, não por obrigação, mas por vontade, por precisar deste momento de autoconhecimento e desafio pessoal. Peguei gosto pelos movimentos. 

Hoje sou uma pessoa que faz todo tipo de exercício. E a cada dia me sinto fisicamente melhor, mentalmente mais centrada, menos estressada e mais energética. Sem querer ser fantasiosa, pois ainda estamos no Brasil de 2021, em um contexto pandêmico, porém ouso dizer que as horinhas de ginástica dão uma carga de felicidade que é muito importante para continuar resistindo. 

A regra é clara: procure algo prazeroso, divertido e que te inspire. Deixe a mágica acontecer. Permita que a sua criança interior venha à tona. E vale pular corda, andar de bicicleta, correr, agachar, dar cambalhotas... Há uma modalidade de movimento perfeita para cada uma de nós, basta a gente encontrar para se encontrar. Exercício físico é endorfina e serotonina, mas é também felicidade.


* Recomenda-se ir ao médico antes de começar a fazer exercícios físicos para garantir que não há restrições de saúde. Depois é só separar o shortinho, o top, a garrafinha de água e vòilá!🤸🏾♀️


Gueu Nogueira - Geocomunicóloga soteropolitana: Misturo Geografia com Comunicação, bisbilhoto o cotidiano e escrevinho umas notas.


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