Meu top, minhas estratégias: driblando assédios e sendo fitness


Quero sair do sedentarismo, fazer caminhadas, higiene mental passeando pelas praças, parques e orla marítima da cidade.

Expectativa: escolher a roupa mais confortável possível, de preferência bem fresca e que me permita movimentar com facilidade pelas áreas livres da minha cidade calorenta, com a finalidade de fazer algum exercício físico, mirando na saúde física e mental, exercendo o tal direito de ir e vir acoplado à famigerada liberdade que tanto clamam por aí serem direitos e condições a mim atribuídas.




 



A combinação tops, leggings, shorts me parece, obviamente, escolhas racionalmente perfeitas alinhando tempo, motivação e ocasião. Verão a pino, calor no limite do suportável, temperaturas altíssimas, pedem figurino leve à altura. Cenário mais que adequado.

Sim, aparentemente, tudo poderia ser perfeito não fosse o fato de eu ser mulher e "normalmente" ser obrigada a receber abordagens verbais de pessoas desconhecidas, notadamente do gênero masculino.  Desde os famigerados "bons dias" carregados de lascívia não tão ocultas nas intenções e no tom até as mais explícitas demonstrações nojentas e invasivas importunações que um ser humano pode se prestar diante de uma pessoa que lhe é estranha e que em momento algum lhe perguntou opinião sobre sua aparência, vestimentas, ou o que seja.

Ouso afirmar que apenas mulheres se identificarão com os episódios expostos, pois tornou-se mais um expediente diário de quem se atreve a sair à rua, conviver com assédios constantes. 







Porém, antes de pôr o top e a legging, devemos pôr na mochila o assédio que virou parceiro obrigatório de convivência nas atividades mais simples, além dos medos cotidianos que qualquer indivíduo morador de uma cidade grande precisa conviver atualmente, mas, com o plus a mais nas possibilidades de violência quase exclusivas para quem carrega o corpo feminino.







Sim, vou usar este top confortável com esta legging moderna, fones estrategicamente nos ouvidos com a playlist objetivamente escolhida com intuito de, além de divertir meu passeio no parque, comandar o ritmo dos meus exercícios, ainda me distrair das possíveis opiniões não solicitadas provenientes de estranhos que possam atrapalhar meus objetivos fitness ao ar livre.

Não esquecer de levar água, claro. E lá vou eu exercer meu direito de ir e vir e minha liberdade, com algumas restrições e muitas estratégias, é fato.

 A rua me chama, eu tenho que ir.

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Gueu Nogueira - Geocomunicóloga soteropolitana: Misturo Geografia com Comunicação, bisbilhoto o cotidiano e escrevinho umas notas.


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