A Lista
Fiz uma lista. Como uma obrigação que ninguém obriga, mas que sente ela na mente, gruda feito lêndea no fio de cabelo da consciência, incomoda como uma coceira bem no meio das costas fazendo cócegas no miolo do cérebro. Sentei, e me pus a escrever a tal seleção inútil de acontecimentos experienciados durante o ano... difícil. Sem dúvidas. Longe muito de ser uma alma que transcende esoterismos, eu sou; a uma boa distância de figurar-me derrotista, também: sou uma tentativa de ser equilíbrio e quis enxotar as lembranças especificamente ruins. Elas têm o seu lugar, decerto. Alguma coisa aprendi com experiências más, é possível. Quando nada, podemos evitar repetir erros. Porém, expulsei pensamentos mesquinhos tão potentes, tão bem alimentados pela quase instintiva mania de maximizar aquilo tudo que machuca. Eis o exercício das primeiras horas: ao decidir-me pela lista que ninguém pediu, bloquear o turbilhão de sensações ruins pelas quais passei, pois não foram ún...