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Mostrando postagens de dezembro, 2020

A Lista

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  Fiz uma lista. Como uma obrigação que ninguém obriga, mas que sente ela na mente, gruda feito lêndea no fio de cabelo da consciência, incomoda como uma coceira bem no meio das costas fazendo cócegas no miolo do cérebro.  Sentei, e me pus a escrever a tal seleção inútil de acontecimentos experienciados durante o ano... difícil. Sem dúvidas. Longe muito de ser uma alma que transcende esoterismos, eu sou; a uma boa distância de figurar-me derrotista, também:   sou uma tentativa de ser equilíbrio e quis enxotar as lembranças especificamente ruins. Elas têm o seu lugar, decerto. Alguma coisa aprendi com experiências más, é possível. Quando nada, podemos evitar repetir erros. Porém, expulsei pensamentos mesquinhos tão potentes, tão bem alimentados pela quase instintiva mania de maximizar aquilo tudo que machuca. Eis o exercício das primeiras horas: ao decidir-me pela lista que ninguém pediu, bloquear o turbilhão de sensações ruins pelas quais passei, pois não foram ún...

Atividades físicas: tenha um corpo e só comece.

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O imaginário popular cristalizou a ideia de que há um determinado biotipo corporal para fazer exercícios. Ou pior, que atividades físicas existem com o único e principal propósito: emagrecer.   (A mídia, as propagandas e até às academias de ginástica ajudaram nessa propagação falaciosa). Não é verdade que pessoas gordas não possam se exercitar e, menos verdade ainda, que estas pessoas precisam usar de atividades físicas com o único intuito de emagrecer. Todo corpo precisa de movimento e todo corpo pode se movimentar. A única necessidade que os corpos precisam para iniciar uma atividade física é querer, ter determinação, vontade, disposição. Atividades físicas agregam um sem número de benefícios, entre eles: melhora da circulação; pode diminuir e controlar diabetes; reduz risco de pressão alta; promove músculos e articulações mais saudáveis;  fomenta disposição e, na perspectiva mental, os exercícios físicos tornam-se um método perfeito para apreensão de aprendizado pois a...

Libera Femina

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Eu vi seu corpo bailando entre a terra e o céu. Ela corria. Corria. Não parecia desespero. Não se diagnosticaria pressa. Saltava. Vestia branco. Havia algumas nódoas oportunistas no seu vestido. Babados. Véus. A meia sofrera com os obstáculos que se impunham em seu caminho. A maquiagem já não era aquela da primeira hora. Era outra. Combinava com o seu estado. Seus cabelos não tinham cor precisa e bailavam com o vento. Deliciosa. Fresca. Corria. Numa das mãos da fugitiva, notei estranho troféu confeccionado de rosas brancas e laços de fitas. Ela nunca olhou para trás. Figura sedenta. Passava entre os carros, sobre poças, ignorava o escaldante asfalto mesmo sem já possuir calçados que protegessem seus pés. Qual? Sentimentos terrenos, dó, solidão, culpa, medos? Pertences pesados de uma vida esparramados, abandonados pelas vielas que a moça atravessava, e ela já não sufocava, respirava ofegante a delícia de ser.  Abandonava um passado mui recente. As dores da existência pretérita esvai...